Parece que os meus amigos se esqueceram de tirar fotos da parte mais importante de uma noite de quarta-feira: a terceira parte. Para que fiquem descansados informo que o prato principal foi um sucedâneo de polvo, surpreendentemente bem servido, de tal forma que houve quem, ao invés de petiscar, optou por almoçar, jantar e cear. Bem, o individuo em causa, cujo nome obviamente não revelarei, saiu do jogo com meia hora de antecedência e tinha que ocupar o seu tempo a fazer algo para além de beber. Para ser justo, devo confessar que só dei pela falta desse sujeito quando pensei "dava jeito que acabasse o jogo!", lá por volta das 22,59, dado o seu histórico em terminar jogos antes  do tempo.

Em relação ao jogo, ainda no aquecimento, lembro-me de ter pensado que não me lembrava de ver tantas setas sem ser num filme de cowboys. Tirando o Armando, por razões óbvias, todos os outros pareciam sprinters dos 100 metros. Do outro lado também havia alguns (es)corredores de fundo - fundo dos copos.

Apesar dessas setas e algo surpreendentemente, os Pretos não estavam a conseguir levar o seu jogo avante, sendo mesmo os Brancos a abrir o marcado e até alargar a vantagem para os 2-0. No entanto os Pretos responderam, e bem, e conseguiram igualar a 2 e depois a 3. Jogo, portanto, muito equilibrado. Os Brancos conseguem chegar aos 4-3 e depois aos 5-3, mas logo na saída de bola os Pretos reduzem novamente para a margem mínima. Por acaso não houve polémica em relação a este golo, pois os jogadores dos Brancos ainda não estavam no seu meio campo quando foi reposta a bola em jogo - talvez algum receio da reacção daquele sujeito que aproveitou o petisco para almoçar/jantar/cear (hat trick) - mas segundo parece ele já estava precisamente na terceira parte. O jogo até ao final consistiu em os Brancos tentarem manter a posse de bola e os Pretos a tentar pressionar para pelo menos tentar chegar ao empate. Terminou com um 5-4 para os Brancos. 

Notas finais para a chegada de alguns elementos novos - o que é sempre de destacar - e a esperança de que possam ser presenças assíduas. Destaque para o Poker do Rodrigo Cruz, que como se pode deduzir fez toda a diferença.

Os chouriços já estão apresentados, sendo assim não vejo necessidade de estar aqui a encher chouriços. O jogo de ontem foi igual a tantos outros jogados esta época: enquanto há pulmão os Brancos vão dando conta do recado, mas depois chega a dura realidade e os Pretos passam para a frente. Além dos chouriços assados, a única nota de destaque foi as novas sapatilhas do Armando - para que é que um individuo já em idade de reforma compra mais umas sapatilhas - pergunto eu. Será que há lá o meu número? Se ele pode, eu também posso! 

Ás 21,59, só com 10 elementos para mais um clássico, confesso que a minha perspectiva não era muito boa para este jogo. Sabemos que não havendo suplentes, torna-se difícil, especialmente para aquela malta mais velha - por volta dos trintas e poucos, aguentar um jogo tão exigente como este. Por isso há a tendência para o jogo ser jogado a passo de caracol. Felizmente ontem não foi o caso e o jogo até teve um ritmo bastante aceitável e até relativamente bem jogado. Claro que houve excepções, de um lado e de outro, houve quem, a certa altura, quase que se sentavam em cima da bola só para o jogo abrandar...mas pronto, temos que perceber que não é fácil para quem está nessa faixa etária. 

O mais engraçado é que juram a pés juntos que estão muito cansados e que não se conseguem mexer, apesar dos conselhos dos colegas para soltar a bola e que a bola é que deve correr...mas mal acabam de dizer que estão mortos, pegam na bola e começam a fazer bailados com ela...ou melhor, parece que estão a dançar o samba no Carnaval do Rio de Janeiro. Felizmente temos um foto do sucedido:

Parece que o cansaço desaparece quando se dança o samba com a bola nos pés...

Noutro plano do jogo, há um lance que não me sai da cabeça, e não, não estou a falar daquele magnífico golo de antes do meio campo, mas daquela defesa excepcional feita pelo Nuno. A questão é que o autor do disparo a 200 km/h foi o Rui Ramos, colega de equipa. Que grande remate - provavelmente terá pensado que já que não conseguia marcar na baliza adversária, toca a fuzilar o próprio guarda-redes.

Ah, e já me estava a esquecer da cena caricata no final do jogo. Vendo a equipa adversária a aproximar-se perigosamente, um jogador pressionou de tal forma o árbitro que este teve que terminar imediatamente o jogo - insólito, no mínimo.

Na terceira parte esteve prestes a acontecer um motim...não percebi bem mas envolvia o facto de terem feito uma sandes com um pão minusculo com duas febras, enquanto outros tiveram que comer o pão só com o molho. Um pão, uma febra...não é assim tão dificil, pois não? Também, pelos vistos o preço da bifana de porco está ao nível do preço do camarão e do leitão. Foi mais ou menos isto, segundo o que percebi.

"No cu pode ser!"

Frase ouvida ontem durante o jogo. Pronto, penso que está feita a crónica.

Obviamente que não vou desvendar o autor da frase, porque isso poderia trazer problemas lá em casa e não estamos aqui para destruir lares. Cada um é livre de viver a vida conforme quer. Nada a opor.

Felizmente que esta frase não me saiu da cabeça, senão teria imagens do jogo de ontem, o que seria muito mais dramático. Vá lá, não foi assim tão mau, estarão os caros leitores a pensar. Sim, é verdade. Já houve bastante pior, mas aqui aspira-se ao máximo, (excepto o carro, que é só quando há festas), e espera-se sempre que as coisas evoluam.
Jogo marcado por algumas alterações, nomeadamente a contratação do guarda-redes internacional Tiago Higuita, que, não querendo por em causa o seu profissionalismo, esteve um pouco desastrado no capítulo do passe, embora se reconheça o mérito da ideia de jogo. Ideia de jogo que pelos vistos não é consensual. Continua a haver um ou dois indivíduos que acham que o jogo deve ser pensado e jogado em equipa...ppfff que otários. Os Pretos até começaram a perder, com um golo sofrido numa jogada de transição (contra-ataque para quem tem mais de 40 anos), mas depressa deram a volta ao marcador. No entanto os Brancos lá conseguiram terminar uma ou duas jogadas com sucesso e voltam para a frente do marcador. 3-2! Mas os Pretos sorriram... tinham visto o Real Madrid reverter uma desvantagem em poucos minutos e pensaram que se o Real Madrid consegue, nós também conseguiremos, pois esses tipos do Real não são melhores do que nós. Dito e feito. Marcam o 8 - 7 e o árbitro, que dizem as más línguas, tem relacionamento com a equipa dos Pretos, termina o jogo nesse exacto momento, levando jogadores e publico ao exaspero. Atenção que não estou a referir-me a relacionamento do tipo da frase que inicia o texto... outro tipo de relacionamento.
Mas tudo bem, há que reconhecer que foi uma vitória merecida que até poderia ser por números superiores, pois dizem os especialistas em arbitragem que terá ficado um golo por contabilizar por suposta falta antes do golo. 

Porque não andamos aqui só para vencer a qualquer preço(!), os Brancos, numa demonstração de enorme Fair Play, emprestou o seu mais talentoso jogador aos Pretos para que estes pudessem respirar um pouco...em contrapartida os Pretos emprestaram o guarda-redes...

Para a terceira parte estava reservado um belo repasto, dadas as circunstâncias. Um polvozinho ensalsado que estava top. Terão alguns ficado (alegadamente) a pensar: "Ainda bem que o maior lateiro não pôde vir..."